
Fome, devastação ambiental, violência. São graves os diferentes problemas que nós, seres humanos, enfrentamos e todos são solucionáveis. Há, porém, uma dificuldade de mobilizar a sociedade para enfrentá-los, isso porque vivemos em cavernas que mascaram essa realidade.
Platão, em seu mito da caverna, afirma que os seres humanos estão acorrentados dentro de uma caverna. Estes, que estão dentro dela, vêem apenas sombras da realidade que se passa fora dela e crêem que esse é o real. A sociedade moderna vive nessa caverna, só que modernizada. Trancado em seu lar, o indivíduo vê, ao invés de sombras, projeções oriundas de seus aparelhos eletrônicos.
O conforto, na nova caverna, é a corrente que prende esse indivíduo em seu interior. Por que sair para experimentar a natureza se posso simulá-la dentro de minha caverna? Assim, grande parte da sociedade prefere a artificialidade do lar à natureza. Esse simulacro em que nos inserimos ameniza os problemas da realidade a ponto dele se tornar “convivível”. Retira-se, dessa forma, o poder de reação da sociedade à fome, violência e à devastação.
A caverna moderna também procura acorrentar as perspectivas do indivíduo. Bombardeando o interlocutor com opiniões e idéias pré-concebidas, os meios de comunicação criam um senso comum e incentivam o indivíduo a manter-se nele. Ao assistir à novela das seis, das sete, e depois ainda assistir à das oito, o indivíduo acabou de perder três horas em que poderia estar diversificando o seu conhecimento para fugir do senso comum.
Apesar dos quase três mil anos desde a criação do mito da caverna, ainda há muitos presos na caverna e pouco se faz para libertá-los. Trocaram apenas as correntes pela poltrona, e as sombras pelas projeções de um tubo de televisão. Somos, agora, acorrentados pelo conforto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário