segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Bons tempos

Achei na internet um texto que tinha escrito em um simulado para vestibular na oficina do Puntel.
Hoje vejo pontos em que podia ter melhorado, mas mesmo assim achei impressionante como escrevia naquela época.


           "Eu quero sempre mais que ontem, quero sempre mais que hoje, quero sempre mais do que eu possa ter”, diz a letra a banda contemporânea Capital Inicial. Eis a ideologia que hoje se propaga (inclusive presente no própria nome da banda): consumo em primeiro lugar.
            Era previsto que o consumo, na sociedade capitalista, assumisse a função de indicador social que o escravo tinha na sociedade escravista, como no Brasil colonial. Mas, apesar disto, o consumo também se tornou um fator de identidade social: “consumo, logo existo”.
            O indivíduo não-consumidor simplesmente deixa de existir para a sociedade consumista. Da mesma forma que o executivo no seu carro importado chama a atenção, o pedinte na rua não chama e, muitas vezes, nem comoção causa.
            Além disso, a ideologia consumista também afeta o subjetivo do indivíduo. Não raramente, ao se depararem com problemas, os seres consumistas, ao invés de os solucionar, vão às compras. Isso causa um alívio temporário às pressões externas e faz do indivíduo um Sísifo. Os problemas pioram e, com eles, o consumo desnecessário. Forma-se, assim, um ciclo vicioso para que o indivíduo consiga se manter anestesiado à realidade.
            Acredita-se que talvez um dia a sociedade de consumo tenha como objetivo o bem-estar do cidadão. O que ocorre, porém, é formação de indivíduos deprimidos e frustrados como conseqüência da alienação e superficialidade que o consumismo gera hoje. E, para aliviar as dores causadas pelo consumo, só mais consumo, essa é a lógica."  2007

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