quarta-feira, 27 de abril de 2011

Debate: Fraude e Plágio na Produção Científica

   Na terça-feira 26/04/2011 foi realizada, no Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu, uma mesa redonda para discutir a fraude e o plágio na produção científica. O debate contou com 4 convidados: William Saad Hossne  (Faculdade de Medicina UNESP - Botucatu), Vantencir Zucolotto  (Instituto de Física USP - São Carlos),  Carlos Roberto Grandini (Faculdade de Ciências UNESP - Bauru) e Flávia Maria Bastos  (Coordenadoria Geral de Bibliotecas da UNESP).

   Todas as palestras foram muito interessantes. A seguir registrei algumas idéias relevantes que surgiram no debate:

   Fraude na ciência é paradoxal já que o objetivo primário do cientista deveria ser a busca da verdade. Lembrando que esta é reconhecida como relativa dentro da investigação científica. (William Saad)

   O único lugar em que o sucesso vem antes de trabalho é no dicionário. (Einstein)

   Integridade é fazer o correto quando é difícil. (Grandini)
   Se referindo ao aumento de autores fantasmas em artigos devido às pressões por publicação.

   O professor Zucolotto chamou a atenção para o auto-plágio. Segundo ele, antes de ser publicado o artigo, a maioria das revistas pedem a transferência do direito autoral do texto para si. Assim, uma vez publicado o artigo, a cópia de seu próprio texto seria um plágio pois os direitos autorais do artigo pertencem à revista.
   Um empasse levantado foi a questão da metodologia. Quando se utiliza uma mesma metodologia, pode-se copiá-la de outro artigo? A sugestão do professor Saad foi que, quando utilizada uma metodologia já existente, apenas citar o trabalho em que ela está descrita. Assim, não há a necessidade da cópia.

Ferramentas para verificação de plágio:
OriginalityCheck
PeerMark
GradeMark
Reportagem oficial da UNESP: 
http://www.ibb.unesp.br/noticias/noticias_ibb475.php


19 comentários:

  1. Ja que a UNESP se prontificou a discutir esse assunto, poderiam começar a limpar a própria casa. Vide matéria na Folha colocada em um blog abaixo:

    http://cienciabrasil.blogspot.com/2011/08/casos-de-plagio-envolvendo-dois.html

    Pelo que consta dos comentarios, os mesmos autores COLECIONAM casos de autoplagio para fazer artigos em salame... A quem cabe investigar?

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  2. Vale a pena destacar dois erros nos debates, apontados pelo advogado Rafael dos Santos Pinto.:

    1. Art. 8º Não são objeto de proteção como direitos autorais de que trata esta Lei:
    I - as idéias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos matemáticos como tais;

    2. Art. 24. São direitos morais do autor:
    IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra;
    V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada;
    Art. 27. Os direitos morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis.

    Citações da lei de Direitos Autorais (Lei n. 9.610/98)

    Então, segundo a lei brasileira não existe auto-plágio. Quando a obra é publicada, o autor apenas cede o direito da exploração comercial da obra para a empresa.

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  3. Já a questão do plágio, a Unesp está adotando as ferramentas citadas no post justamente para coibí-lo.

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  4. Pelo que consta nos documentos emitidos pelas revistas, os autores realmente transmiten os direitos AUTORAIS para a editora!

    Outra coisa, como muitos destas revistas possuem regras assegurando que o trabalho fica proibido de ser publicado em todo ou em parte em outra fonte sem devido consentimento, e 90% dos casos exige que o material submetido seja original, o auto-plagio fica assim ali legalmente impedido com ciência dos autores.

    Vale ressaltar que o auto-plagio sempre foi considerado uma modalidade de fraude serissima na academia.

    Seria realmente interessante a UNESP, alem de tentar coibir, punir os casos de plagio, pois consta do relato de muitos colegas daqui que este se tornou rotina em muitos laboratórios, em teses e artigos oficialmente aprovados pela universidade...

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  5. Caso o contrato com a revista (para a publicação de um artigo) prever a transferência dos direito autorais, essa cláusula seria nula em território brasileiro. É, também por esse motivo que a universidade não pode punir o suposto auto-plágio, porque não existe amparo legal para isso.

    O contrato com a revista, porém, normalmente prevê a cessão dos dos direito de exploração comercial da obra. Dessa forma, se o autor submeter uma reprodução parcial ou integral de uma obra que já foi publicada, portanto já teve seu direito de exploração cedido, o detentor desses direitos poderia mover uma ação contra o autor pedindo ressarcimento por danos devido à quebra do contrato.

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  6. A UNESP em algum momento mencionou como pretende coibir o plágio no debate?

    Muito interessante seu post, parabéns!

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  7. Sim. A Unesp acabara de adquirir softwares que fazem a busca de textos plagiados automaticamente.

    A coordenadora das bibliotecas, inclusive, estava de passagem em Botucatu a caminho de Bauru, onde iria realizar o primeiro treinamento com essas ferramentas.

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  8. Oi Thiago... Usar o software facilita localizar o plágio. Mas isso não coibe ninguém.... O que a UNESP pretende fazer quando flagrar alguém cometendo plágio? Isto não foi discutido?

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  9. Eu não me recordo de nenhuma regulamentação específica da universidade em relação a isso. Mas, uma vez constatado o plágio, o procedimento padrão deveria ser a abertura de uma sindicância para verificar o caso. Caso a comissão responsável pela sindicância constate má fé, o docente ou o dissente podem ser punido, inclusive com o desligamento da universidade. A decisão de desligamento só pode ser tomada pelo reitor.

    Caso seja constatado plágio em monografias, trabalho de conclusão de curso, dissertações de mestrado ou teses de doutorado, o diploma pode ser cassado. Se não me engano existem alguns casos de teses cassado por causa de plágio.

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  10. Mas, respondendo à pergunta, não foi abordado nada sobre a questão de punição no debate.

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  11. De nada. É bem importante manter em pauta a discussão desse tema.

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  12. Achei que cabia colocar aqui que tem um escândalo rolando de plágio na UNESP de Rio Claro por causa de uns artigos de Entomologia Forense... Valia deixar o assunto ligado ao debate em algum momento!...

    Parece que a universidade insiste em não mexer uma palha no assunto pois teria se beneficiado dos artigos em um momento de crise de produção.

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  13. Bom, um camarada, desconexo do caso realmente escandaloso acima, vai ser julgado em Rio Claro por plágio, vide abaixo:

    http://www.rc.unesp.br/ib/dta/Portarias2011/Pt107-2011.pdf

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  14. Obrigado pelas indicações. Vou tentar acompanhar o caso.

    Vocês têm informações se também foi aberto sindicância para apurar o orientador do discente?

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  15. Caro Thiago, passei li isso aqui, e fui pesquisar... Meu amigo, que vespeiro!!

    Se abririam uma sindicancia contra o orientador do plagiador? Ha! Veja o relato abaixo, sobre um caso de plagio na UNESP:

    http://cienciabrasil.blogspot.com/2011/08/uma-estoria-escabrosa-que-parece.html

    E no longo link abaixo pode-se ver a postura do chefe do departamento responsavel:

    http://cienciabrasil.blogspot.com/search/label/Unesp%20-%20pl%C3%A1gio

    Todo mundo "assim" nesses esquemas nesse lugar!! Cruzes! Realmente te encorajo e ir perguntar como se deu a coisa, mas tome cuidado com essa gente! Eu, hein...

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  16. Parece que esse blog está fazendo uma cobertura completa sobre o caso.

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  17. Coloque um vídeo legal sobre o tema no blog:
    http://fascinacaodeorfeu.blogspot.com/2012/02/um-conto-sobre-plagio.html

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  18. ...e saiu mais esse caso em um blog de fraudes online:

    http://www.science-fraud.org/?p=544

    Ainda restaria alguma duvida sobre os objetivos desta quadrilha?

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