domingo, 6 de novembro de 2011

Distorcendo os princípios

   Fui muito bem educado na minha infância e, sempre que possível, seguia à risca os princípio aprendidos.
   Conhecida por sua eficiência, minha mãe sempre dizia a mim para nunca deixar para amanhã o que se pode fazer hoje. Certo dia, final de semestre, já com notas para prosseguir ao próximo ano de estudos, resolvi ausentar-me de algumas aulas não muito interessantes. Ao ser pego, paradoxalmente, fui suspenso.
    Fico imaginando qual seria o princípio pedagógico de mandar  para casa o aluno que já não queria assistir aula mesmo. Por isso adorava a minha escola.
   Felizmente, os ideais da revolução francesa não apenas revolucionaram a forma de interação entre o indivíduo e o Estado, mas também democratizaram, gradativamente, as relações interpessoais, principalmente as entre pais e filhos. Por isso, desde que provido de um bom argumento estaria relativamente a salvo.
   Claro que a melhor justificativa para o ato seria seguindo os princípios do meu interlocutor, nesse caso minha mãe. Então disse-lha:
   -Não estou deixando para amanhã o que posso fazer hoje. Afinal, depois que eu me formar não vou poder mais matar aula, principalmente porque deixarei de ser aluno.
   O riso provocado pela minha brilhante argumentação gerou a impressão de que, desta vez, sairia sem sanções. Impressão, esta, que logo foi desfeita quando ganhei o direito de não jogar videogames nas férias.

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